quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cápsulas para toca-discos: MM x MC

MC or MM?
As escolhas que os novatos no mundo do vinil têm de fazer são inúmeras.
Por exemplo, para seu primeiro toca-discos você escolheria um tipo belt-drive ou direct-drive, ou ainda um com acionamento acoplado por roldana. Como deveria ser o prato? Sólido com uma grande massa ou mais leve e suspenso. Além destas escolhas básicas sobre o modo de construção mecânica do equipamento, os novatos ainda têm que decidir sobre os braços, cápsulas, agulhas, pivôs, acionamentos etc. Para as cápsulas, seria uma MM com altos níveis de sinal na saída ou uma tipo MC com sinais bem menores? Esta é a questão maior entre os diversos fabricantes e top designers. Não resta saída ao novato confuso senão perguntar a alguma autoridade no assunto entre seus amigos e contatos nos diversos fora pela Internet, alguém que tenha um pouco mais de experiência girando discos há mais tempo. Outros ainda escolhem seu set de acordo com seu budget e pelos reviews de revistas especializadas.
Um pouco de conhecimento técnico sempre ajuda na hora de tomar as decisões. Devido ao curto espaço, focaremos na escolha entre os tipos de cápsulas, limitando nossa discussão aos tipos MM e MC.

Para os iniciantes as cápsulas MM são a escolha óbvia. O termo MM (moving magnet) se refere ao método usado para regenerar a música gravada nos sulcos do disco de vinil. Funciona assim: Um pequeno e poderoso ímã (hoje em dia, terras-raras) acoplado à uma alavanca terminada em uma agulha de diamante, que na verdade percorre os sulcos do disco, traduz o movimento radial e axial da alavanca em variações do fluxo magnético dentro de um arranjo geométrico de bobinas captadoras feitas com fios extremamente finos. Como explicado este movimento do ímã gera um pequeno sinal elétrico que então é levado à entrada especial (equalizada de acordo com o padrão de gravação, geralmente o RIAA) do circuito pré-amplificador de Phono, de modo que este sinal possa ser amplificado até níveis compatíveis com os circuitos amplificadores padrão (em torno de 2Vpp). Uma saída típica de cápsulas MM é em torno de 5mV (0,005V!). Posto isto, dizemos que o sinal da cápsula é ligado diretamente à entrada do circuito de pré-amplificação de Phono. Estas cápsulas são relativamente robustas (mecânica e eletricamente), sendo então as indicadas para uso pelos novatos.

As cápsulas MC usam um sistema motor muito similar às MM exceto que no caso das MC, o ímã é fixo internamente e quem se move acoplado à alavanca que porta a agulha são as bobinas axiais e radiais, acompanhando os sulcos do disco através da movimentação da agulha (stylus). As bobinas presas à alavanca possuem poucas voltas de fios, tornando o conjunto mecânico muito mais leve e delicado, permitindo a movimentação com praticamente nenhuma inércia, reduzindo a impedância total e a indutância (relutância intrínseca). Estes fatores propiciam uma resposta em freqüências (BW) muito maior e uma resolução às pequenas variações dos sulcos que trazem informações de baixo nível incrivelmente aumentadas. Isto faz das cápsulas MC tecnicamente superiores às cápsulas MM, porém toda esta tecnologia tem seu preço e suas desvantagens tornando-as pouco utilizadas. O principal problema é o seu custo de produção (e conseqüentemente o custo final ao consumidor). Não se restringindo somente ao custo da cápsula, temos o custo total dos demais subsistemas, incluindo os pré-amplificadores, transformadores elevadores e demais circuitos associados, pois a saída típica de uma cápsula MC é de aproximadamente 0,2mV (0,00002V!), ou seja, em torno de 25 vezes menor que o sinal gerado por uma cápsula MM. Isto requer estágios extras de amplificação ou delicados e caros transformadores step-up (elevadores) com laminação de ferro-níquel (Permalloy). Caso seja usado um sistema externo ao TD, soma-se ainda o custo de um par de cabos de boa qualidade para levar os fracos sinais até o conjunto pré-amplificador. A cápsula MC mais barata do mercado é muitas vezes superior ao custo de uma cápsula MM mediana ou até mesmo top de linha, dependendo do fabricante. Dificilmente encontramos cápsulas MM custando acima dos U$1.000,00, porém achamos facilmente cápsulas MC começando a partir dos U$10.000,00!
Além do fator custo, temos o problema da fragilidade das cápsulas MC em relação às suas primas MM, este fato é o responsável pelas MM reinarem absolutas no universo dos DJs e demais profissionais da área. Elas agüentam bravamente todos os abusos da utilização doméstica no dia-a-dia, seja com o uso de discos em condições duvidosas, seja na bancada de scratch de uma balada de 24 horas.

Para as pessoas que estão começando a colocar seus discos de vinil a girar, a melhor escolha, sem dúvidas, é um sistema com cápsulas MM. Se for corretamente configurado, não será perdido nada em termos musicais de performance sonora e divertimento propiciado. Comparando com um sistema de cápsulas MC, poderemos notar a queda de resolução de baixo-nível, que praticamente é imperceptível para os usuários medianos (excetuando-se os golden-ears que são 1 em cada 2.0000.000 de humanos). Levando-se em conta que um sistema MC mal dimensionado pode soar horroroso e muitas vezes mais pobre que um sistema mediano MM bem dimensionado, concluímos que a altíssima definição das cápsulas MC pode ser um fator que age contra ela.
Em minha opinião, estou muito feliz com um sistema MM relativamente barato. È perfeitamente possível conseguir um som bem satisfatório com o uso de uma correta combinação de cápsula MM, braço e TD medianos. Tente usar uma caríssima cápsula MC com um braço/TD medíocres e veja por si o resultado. Isto se deve ao fato de que, na hierarquia da reprodução sonora dos discos de vinil, a cápsula ocupa o menor ranking de importância quando se considera o sistema mecânico do braço (incluso o Shell, a susupensão e o pivotamento) e o sistema de tração do TD.

Espero ter ajudado os iniciantes do mundo do vinil a escolher melhor seu “setup de entrada”
Tradução livre de um texto da Internet (que também estava sem créditos)
Luciano Peccerini Junior
  1. MM=Moving Magnet. Como o próprio nome diz, trata-se de uma montagem interna à capsula onde a agulha presa à alavanca possui um pequeno ímã que se move de acordo com os sulcos do disco em um arranjo de bobinas captadoras. A força eletromotriz gerada nestas bobinas são as traduções elétricas diretas do sinal gravado nos sulcos do disco.
  2. MC=Moving Coil. Análogo ao sistema anterior só que quem se move desta vez são as bobinas dentro de um campo magnético fixo. Devido às suas características construtivas, o número de voltas das bobinas é bem menor, gerando uma força eletromotriz muito mais baixa, porém com reatâncias e resistências envolvidas muito menores, permitindo uma maior definição sonora e maior banda-passante.
  3. Via de regra as cápsulas MM permitem um fácil intercambio de agulhas, ao passo que nas MC, o conjunto mecânico é um monobloco fixo, muito mais caro e delicado.
  4. Belt-drive: acionamento por correias do sistema de tração do prato.
  5. Direct-drive: acionamento direto pelo motor acoplado ao prato. Temos ainda o sistema de roldanas que é um intermediário, por assim dizer, entre os sistemas citados.
  6. Tonearm; braço do toca-discos (TD). Shell: estrutura que suporta a cápsula e agulha (stylus, plural stylii).
  7. Golden-ears. Pessoas que possuem a capacidade inata (ou aprendida) de identificar particularidades do som que as demais pessoas não possuem. Variações de fase, freqüência, banda-passante estendida, etc.

Passem por lá: