Tentarei neste post dar algumas dicas de como isolar problemas e resolvê-los, ou ao menos endereçá-los.
Vários amigos me perguntam sobre o que acontece com seus equipamentos e sistemas. Telefonemas fora de hora que me digno a responder em função do desespero do cara do outro lado da linha...
Dizem que estava tudo em ordem e de repente tudo mudou!
Vamos lá.
Em todo e qualquer sistema, seja ele elétrico, mecânico, hidráulico, pneumático, etc existem alguns tipos de falhas que são comuns, lógico que cada uma do seu jeito e com suas particularidades, mas que têm uma certa "equivalência" entre si.
Podemos dividir os problemas em duas grandes categorias:
1) Falhas crônicas (anunciadas, desgaste, fadiga, e afins). Geralmente estão relacionadas com projetos deficientes ou componentes mal construídos ou mal dimensionados para o sistema em questão.
2) Falhas repentinas. Geralmente ocasionadas por fatores externos ao seu sistema. Por exemplo: raios atmosféricos, quebras mecânicas por acidentes, variações súbitas no fornecimento das operadoras de utilidades (água, energia, gás, etc), entre outros.
O primeiro passo para a resolução de um problema é tentar isolar a sua causa-raiz.
Para isto é importante que não se introduzam variáveis demais durante os testes de modo que os efeitos não mascarem uns aos outros e o problema acabe sumindo sem deixar vestígios (e geralmente voltam ... a não ser que os sistema em questão seja um VW Fusca...onde os defeitos aparecem e somem sem deixar vestígios e sem deixar você na mão! Eu não sou fã do cara, aliás acho que ele exagerou e teve o que mereceu, mas quando ele encomendou o Fusca ao Ferdinand Porshe, ele deu uma dentro!)
O segundo passo é ter um bloco de notas para anotar o passo-a-passo dos testes e suas conclusões. Se não fizer isto, se verá repentindo coisas que já fez ou ignorando itens importantes nos testes.
O terceiro passo é não permitir que variáveis externas se somem ao defeito manifestado, para tanto certifique-se de usar as ferramentas corretas, cabos em ótimo estado, utilidades 100% (água, gás, energia, etc). Trabalhe em local iluminado e arejado. Se você for homem, peça para ninguém interromper ou ficar conversando contigo durante a operação. Se for mulher, ignore esta dica, vocês têm a capacidade de lidar com muitas variáveis ao mesmo tempo, nós não. Respeitem nossa limitação, ficando em silêncio.
Com todo o circo armado, coloque o objeto da sua insônia diante de você e analise (melhor com o esquema aberto, se tiver) se vale a pena, em função da complexidade do equipamento, fazer a checagem de pontos da entrada para a saída ou vice-versa.
Ajuda muito se você fizer um diagrama em blocos isolando as funções principais.
Por exemplo: um receiver.
O receiver, via de regra, tem os conectores de entrada, o circuito de chaveamento destas entradas, o pré com o controle de volume, os circuitos de efeitos (tone, bass, mid, loudness, equalizer, etc), geralmente um loop de saída/entrada neste ponto, os pré-drivers, os drivers e o estágio de potência. Para tudo isto mencionado anteriormente, existe uma fonte com múltiplas saídas. A fonte também pode ser desmembrada em blocos: circuitos AC de entrada e proteção (cabo de força, conector de força, varistores, fusíveis, chave seletora de tensão AC, etc), transformador(es), retificadores e finalmente os reguladores.
Uma vez desenhados estes blocos e como eles se relacionam (diagrama unifilar), você pode começar a testá-los individualmente, da forma como falei IN to OUT ou OUT to IN.
Para tanto, injete um sinal conhecido e vá acompanhando a evolução deste sinal em cada estágio. Um após o outro, checando o efeito dos controles sobre este sinal até achar o ponto errático.
Eu geralmente uso o esquema IN to OUT (para sistemas eletro-eletrônicos de áudio) e a primeira coisa que faço é checar a fonte de aliementação. Com tudo checado e OK, coloco as entradas em curto para garantir zero ruído (faço isto com um jogo de RCAs curto-circuitados).
Depois vou injetando um sinal conhecido e acompahnando o mesmo, circuito a dentro, até a saída.
Via de regra, quando seguimos estes passos, os defeitos são rapidamente identificados e endereçados (consertados ou ao menos podemos avisar para quem vai mexer no equipamento, quais as nossas conclusões. Isto sempre ajuda).
Mais algumas dicas "de ouro":
1) Um defeito intermitente acontece com qualquer fonte de sinal que usemos ou com qualquer sistema posterior. Se o defeito começar a depender da fonte de sinal ou do sistema posterior, comece a desconfiar do problema. Grandes são as chances do defeito estar na fonte de sinal e/ou no sistema posterior e não no objeto da sua insônia.
2) Leve o equipamento para outro ambiente (a casa de um amigo ou conhecido) e refaça os testes. Se o problema só acontece na sua residência, chame um exorcista ou encomende uma sessão de descarrego.
3) Problemas em programas de computador (que rodam nos microcontroladores e CPUs de equipamentos) não aparecem do nada. Ou já existiam, ou o programa mudou, de alguma forma.
Reflexões:
"Tudo quanto é projetista deveria trabalhar pelo menos uns 10 anos com manutenção antes de começar a projetar qualquer coisa!"
Luciano Peccerini Junior
Nos meus tempos de manutenção industrial na BOSCH, "pastei" muito com máquinas projetadas por dentistas...Nada contra a categoria, desde que se atenham a cuidar de dentes e bocas...
Quantas máquinas não tive que desmontar metade do arcabouço para alcançar um tiristor mal posicionado. Pior que trocar a lâmpada do farol dianteiro esquerdo do C3 da Citroën! Se ficou curioso, pergunte para quem tem um...
Quantas máquinas não tive que desmontar metade do arcabouço para alcançar um tiristor mal posicionado. Pior que trocar a lâmpada do farol dianteiro esquerdo do C3 da Citroën! Se ficou curioso, pergunte para quem tem um...
Para quem quiser se aprofundar no assunto, fica a dica de um curso que fiz lá pelos idos dos 90´s:
Pois é, meus caros, quando vocês pegam o telefone e me perguntam porque algo deu errado, os questionamentos que faço do outro lado têm um motivo real, são perguntas objetivas e estruturadas. Geralmente estou com um bloco de notas escrevendo tudo para que possa melhorar sempre e, quando me deparar com o mesmo defeito, tenha tudo esclarecido, passo-a-passo.
Grande abraço.
PS.: No próximo post um exemplo prático.
Grande abraço.
PS.: No próximo post um exemplo prático.
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